quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Batendo Perna: Porque não aderi ao Dia Mundial Sem Carro

Hoje, quinta (22 de setembro), é o Dia Mundial Sem Carro - uma campanha mundial para conscientização das pessoas a usarem menos o carro, focada principalmente na poluição do ar. Porém um dado interessante saiu esses dias na imprensa: cada vez menos cidades têm aderido a campanha, não só no Brasil (este ano somente 7 cidades participarão), mas em todo mundo.
Motivos para não adesão são imensos e não precisa ser gênio para arriscar palpites e eu vou arriscar os meus; baseada em duas cidades que morei e conheço como funcionam o trânsito e o sistema público de transportes.
1. O transporte público paulistano não oferece conforto nem pontualidade aos usuários. É só levantar cedo e comprovar: ônibus e metrôs todos cheios, isso quando não quebram ou se envolvem em acidentes (que estampam os jornais todos os dias). 1a Os motoristas de ônibus estão cada vez mais irresponsáveis: ultrapassam o limite máximo de lotação e dirigem em alta velocidade, colocando em risco a vida dos passageiros, isso quando não estão falando ao celular.
Acidente envolvendo ônibus no Pq. D. Pedro II (22/setembro/2011) - foto: Futura Press

1b A malha metroviária ainda é insuficiente para receber a quantidade de pessoas que recebe e não tem extensão para atender as necessidades da população. 1c Todos os dias tenho visto sair nos jornais problemas técnicos no metrô, causando atrasos e transtornos. 1d As linhas de ônibus sofrem com a regularidade de horários (com raras excessões), fato que se agrava nos finais de semana e feriados - como se a demanda pelos transportes diminuísse nesses dias, o que não ocorre. EXCESSÃO Em Ribeirão Preto, os ônibus tem horários e são muito pontuais, com atrasos de no máximo 5 minutos (a tabela de horários pode ser acessada pela internet).


2. Utilizar bicicleta em São Paulo tornou-se inviável devido a violência no trânsito. Com o passar do tempo, cada vez mais ciclistas morrem em acidentes de trânsito, das formas mais brutais possíveis, sem distinção de classe social. No ponto trânsito, é viável em Ribeirão Preto. 2a Além da violência no trânsito em si, o que me garante que não serei assaltada e espancada durante o percurso? Que garantia eu, sendo mulher, tenho de sair da minha residência, na Mooca, e ir a Av. Paulista (exemplo) e chegar lá? Sendo que terei que passar por áreas do centro de São Paulo que de carro já da medo, imagine de bicicleta. E fato de que a bicicleta nos deixa mais vulneráveis. E, se pensar, que uma bicicleta custa, em média, 500 reais e eu estou indo ao trabalho levando meu celular (200 reais), notebook (2 mil reais) e um tablet (2 mil reais) além de outros pertences pessoais que se roubados darão certo prejuízo muitas vezes incalculável, andar de bicicleta seria como vestir um maiô de carne e pular num lago de piranhas. 2b Excluído o fator violência, a cidade possui terrenos bastante irregulares, que em dias de calor (soma-se o fator "selva de pedra") torna a prática coisa de atleta em condições desfavoráveis: roupas sociais tendem a não favorecer a transpiração e as ruas de São Paulo são excessivamente esburacadas. 2c Em Ribeirão Preto, embora o fator violência não seja tão forte, fazer mais de 30° às 8 horas da manhã em pleno inverno prejudicam um pouco as coisas.
3. Meios alternativos como skate, patinete e patins continuam com os mesmos problemas descritos para a bicicleta.

Suzuki Burgman

4. Moto em São Paulo é considerada coisa de motoboy ou de motociclista roqueiro, o que faz com que o veículo seja motivo de preconceito e desrespeito. O uso das motos estilo Suzuki Burgman, lambretas modernas, é uma boa e até teve certa aceitação quando foi lançada, cheguei a ver muitos engravatados utilizando na região da Paulista, não chega a ser zero poluição, porém já é uma mudança, né? Já em Ribeirão, a moto tem maior aceitação e popularidade, por ser um veículo barato de adquirir e manter.

Não precisei fazer esforço algum para listar alguns motivos para não aderir ao Dia Mundial Sem Carro, e se o fizesse, muitos outros motivos viriam. O fato é que chegamos a um ponto em que se trata de um mal necessário (e quem está escrevendo não possui carro, então não estou defendendo meu lado). Por um lado, devido ao descaso dos políticos em investir em transportes públicos (e não se trata de renovar frota, mas sim ampliá-la) e com relação a violência urbana que ainda é assustadora. Eu sou uma amante do ciclismo e adoraria poder passear por aí (sozinha) com uma magrela, porém os fatores que citei tornam a prática inviável. Além de adaptações nas empresas e escolas que deverão oferecer vestiários com chuveiros para que os funcionários tomem banho antes do expediente.
Soa muito utópico o Dia Mundial Sem Carro, e o seu humano tende a querer mudanças bruscas. Eu sou a favor do Dia Mundial da Carona, muito mais viável e feliz: além de poder usar seu carro, faz um social com a galera que sofre com a lotação e a demora do busão.

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