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sábado, 19 de maio de 2012

Uma Frase: João Ubaldo Ribeiro


"Quando eu era um jovem metido a várias coisas [...], os brasileiros não tinham culpa pelo atraso do País, mais tarde adornado com a designação, então em uso chique, de 'subdesenvolvimento'. A culpa era do imperialismo norte-americano, tudo o que de ruim nos acontecia era culpa do imperialismo norte-americano. Até quando a moça não queria nada com a gente, a culpa era do imperialismo, que impunha padrões de beleza masculina humilhantes e ainda obrigava a gente a usar blusão James Dean no calor de Salvador, afetar ares entediados e besuntar o cabelo com as banhas e cremes fedentinosos que inventavam para nossos penteados serem iguais, por exemplo, ao do Farley Granger."

João Ubaldo Ribeiro
em "Vamos e venhamos outra vez"
O Estado de São Paulo
domingo, 15 de abril de 2012

terça-feira, 8 de maio de 2012

Uma Frase: Luis Fernando Veríssimo

Desde que meu muso inspirador Daniel Piza faleceu, essa coluna ficou parada. Claro que muito do que me motivava a mantê-la vinha de suas colunas dominicais. Mas como tudo na vida, é preciso levantar, sacodir a poeira e dar a volta por cima, certo? A frase de hoje, na verdade é um trecho da coluna do Veríssimo em O Estado de São Paulo:

"Quem sabe ler mais um pouco? Tanta coisa pra ler... Na verdade, só quem tem insônia tem tempo pra ler. É por isso que todo intelectual tem aquela cara de zonzo. Não é cultura, é sono. Intelectual não dorme. Não dorme porque é intelectual ou é intelectual porque não dorme e tem tempo pra ler? Você não sabe. A sua insônia não tem qualquer proveito cultural. A sua insônia, além de tudo, é burra."

Luis Fernando Veríssimo
O Estado de São Paulo
06 de maio de 2012


domingo, 1 de janeiro de 2012

Uma Frase: Daniel Piza

Faz tempo, eu sei, que essa coluna não vai ao ar. Primeiro porque fiquei um pouco sem textos para postar, segundo pela falta de tempo para separar coisas inteligentes.
Hoje venho com muito pesar tentar escrever algo que seja suficientemente bom para homenagear o nome mais importante do jornalismo em minha vida: Daniel Piza.

Acho que nem todos sabem, mas a minha trajetória de vida foi meio conturbada nos últimos tempos, aquela fase em que somos obrigados a escolher algo pra fazer pro resto de nossas vidas (só de pensar na expressão 'restos de nossas vidas' eu fico meio ressabiada). Porque eu sempre fui uma pessoa muito agitada e fazia tudo e gostava de tudo. Então escolher uma profissão foi algo realmente bastante difícil pra mim. Tão difícil que tentei algumas carreiras e larguei todas. E foi no meio dessas viagens todas (literais ou não) que descobri a minha grande paixão: jornalismo. Por mais que eu tivesse mudado tanto de área escrever sempre foi algo que fiz (e depois de um tempo descobri que era uma excelente forma de desabafar sentimentos sem aborrecer amigos, encher o saco das pessoas - comecei a escrever e entender um pouco mais sobre mim). E nessa caminho todo de descobrimento eu me deparei com o Daniel Piza (uso o artigo aqui porque pra mim ele é como se fosse um íntimo meu). Comprava o jornal O Estado de São Paulo todos os domingos porque me viciei em seus textos. Era como se tomássemos café todos os domingos (tá eu sempre lia as colunas tempos depois do domingo - mas era como se estivéssemos papeando num café, bar, lanchonete... ele sempre falando e eu ouvindo e tentando entender aquele universo fascinante).

Embora houvesse outros escritores no domingo que eu adorava ler Humberto Werneck, João Ubaldo Ribeiro, Luis Fernando Veríssimo, Antero Greco, PVC, Ugo Giorgetti... minhas leituras sempre começavam da coluna Sinopse. Era como se aquilo sim era o essencial e o resto era passatempo. Quando Daniel entrava em férias e via o espaço em que escrevia preenchido por outras coisas, me revoltava, sentia um vazio. Esse vazio agora será eterno.

E um vazio muito maior se faz em minha carreira, já que eu almejava tanto um dia conhecê-lo e poder conversar com ele, aprender um naco daquele universo, daquela complexidade, daquela inteligência, daquele saber. Agora só me resta aprender com seus escritos e seu maior ensinamento: ler, ler abundantemente. Ler até tentar encontrar nas palavras o significado do ser, do viver, tentar encontrar nos escritos aquele indivíduo que se foi. Aquele amigo de todos os Sinopses. O que será dos cafés sem Daniel?

Fez-se um vazio dentro de mim. Espero um dia tranformar esse vazio em estímulo para ser cada vez melhor em minha profissão, em meu ofício, sempre  desejando ser uma parte daquilo tudo que ele foi. Sempre tomando sua imensidão de ideias como exemplo. Sem preconceitos, sem limites. Porque não há limites para o conhecimento. Sinto e sentirei eternamente saudades.

"Pode o ser humano ser menos carente? Pode, mas não sei se consegue. Sentimental ou durão, não importa o tipo, ele está ao mesmo tempo frágil e mais confiante do que deveria estar: o meio-termo não é da natureza do amor, em nenhuma latitude do planeta."

Daniel Piza
em sua estreia em O Estado de São Paulo
14 de maio de 2000

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Uma Frase: João Ubaldo Ribeiro

"Será bom para nós não sabermos mais escrever nem fazer contas e deixar fantásticas aptidões naturais, como a memória, irem se perdendo por falta de uso e exercício? Será realmente bom que tudo seja descartável e não dure mais que poucas semanas, nesta vida cada vez mais volátil?"

João Ubaldo Ribeiro
em Vida Volátil
O Estado de São Paulo
domingo, 09 de outubro de 2011

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Uma Frase: José de Souza Martins

"Mas essa revolução de perspectiva não levou em conta os trânsfugas da educação tradicional e da moderna, os que confundiram liberdade com abuso, direito com prepotência, democracia com impunidade. Chegamos ao tempo cinzento das novas iniquidades, o do direito torto, da lei capciosa, da lei de Gerson, do individualismo exacerbado, da solidão que cega. Em larga extensão, a sociedade brasileira está matando o outro e o sentido da alteridade e da reciprocidade. 'Deus é brasileiro' foi frase comum na boca de todos durante um longo tempo em nossa história. Mas Deus morre todos os dias não só nos atos dos que a si mesmos se supõem deuses; também nas várias modalidades de aniquilamento do semelhante."


José de Souza Martins
em Sociedade Sem Graça
O Estado de São Paulo
domingo, 09 de outubro de 2011

domingo, 6 de novembro de 2011

Uma Frase: José de Souza Martins

"Os longos anos de ditadura, de falta de liberdade e de direitos, deram lugar a uma sociedade que se embriaga na falsa concepção de que a liberdade só existe no abuso da liberdade sem freios, sem regras, sem respeito pela liberdade do outro. De que o direito só o é no abuso do direito sem a contrapartida de um código de deveres, os do respeito pelo direito do outro. A democratização corre o risco de se tornar uma farsa na anomia que desagrega, na falta de normas decorrentes de valores sociais de referência. Esses casos sugerem que os valores estão invertidos, pervertidos."


José de Souza Martins
em Sociedade Sem Graça
O Estado de São Paulo
domingo, 09 de outubro de 2011

sábado, 5 de novembro de 2011

Uma Frase: José de Souza Martins

"Como observou um especialista, uma pena que deveria ser de 20 anos de prisão acaba sendo, no máximo, de 4 anos e até trocada por cestas básicas para os pobres. Quando o dinheiro pode pagar por aquilo que não tem preço, quando vida e moeda se equivalem, já significa que nessa equivalência a condição humana se perdeu."


José de Souza Martins
em Sociedade Sem Graça
O Estado de São Paulo
domingo, 09 de outubro de 2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Uma Frase: João Ubaldo Ribeiro

"Nossa efemeridade, sempre um pouquinho desagradável de lembrar, não tem mais sua sensação aliviada de quando em vez, ela agora se mostra em toda parte e todo o tempo,  nada dura nada e os registros são voláteis."

João Ubaldo Ribeiro
em Vida Volátil
O Estado de São Paulo
domingo, 09 de outubro de 2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Uma Frase: José de Souza Martins

"Já há uma rotina de notícias sobre pessoas embriagadas que, dirigindo carro, atropelam, machucam e matam. Vamos nos acostumando, que é o pior sinal da complacência e da rendição incondicional à banalização da vida. Assassinos do volante foram soltos antes que suas vítimas fossem enterradas Edson Roberto Domingues, 55 anos, trabalhador, negro, chefe de família, teve 90% do corpo queimado quando seu caminhãozinho foi batido, e pegou fogo, pelo carro Camaro, importado, de R$165 mil, dirigido por um jovem embriagado, em disparada, que feriu outras quatro pessoas. Naquela rua a velocidade máxima é de 60km por hora, que Edson Roberto respeitava. Foi vitimado por um bêbado irresponsável que corria a 116km por hora. Mediante fiança de R$245 mil, o autor da violência foi solto 24 horas antes da morte de sua vítima e dois dias antes que a família a enterrasse no Cemitério da Lapa.
O respeitador da lei foi irremediavelmente punido, como se fosse o culpado; o violador da lei passou umas horas na cadeia e está livre, como se fosse vítima."

José de Souza Martins
em Sociedade Sem Graça
O Estado de São Paulo
domingo, 09 de outubro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Uma Frase: Ugo Giorgetti

"Agora, no entanto, agradeço à Fifa por me ter colocado ao lado de todos os velhos deste País. Entre outras exigências humilhantes a um País submisso e subalterno, a Fifa exige o cancelamento da meia-entrada para idosos na Copa de 14. De minha parte, se chegar lá, a Fifa pode estar certa de que irei a todos os jogos, mesmo os piores, que serão a maioria, de meia-entrada em punho.
Mas é preciso mais. É preciso um movimento de velhinhos de caráter nacional para que todos compareçam em massa aos estádios. Todos! Abram-se asilos e hospitais, esqueçam-se tosses, lumbagos, esporões e cataratas! Façamos do prejuízo da Fifa uma causa da velhice. Ela alega que a meia-entrada para idosos lhe dará um prejuízo de cem milhões de dólares. Nosso desafio é dobrar essa quantia, idosos do Brasil! Se conseguirmo esse feito, aí sim, o idiota que criou a expressão 'melhor idade' para classificar a velhice terá, enfim, razão."

Ugo Giorgetti
em A Melhor Ideia
O Estado de São Paulo
domingo, 09 de outubro de 2011

sábado, 22 de outubro de 2011

Uma Frase: João Ubaldo Ribeiro

"O condômino que for voto vencido vai ter de parar de fumar, pitar ao relento ou vender o apartamento e se mudar? Vive-se em cidades poluídas como Rio e São Paulo, mas o cigarro do vizinho, trancado em seu escritório, é o que prejudica o condomínio? E se fumaça e cheiro começarem a ultrapassar os limites do cigarro e do charuto? Deverão em breve manifestar-se os que se sentem incomodados com cheiro de carne assada - e assim poderão ser banidos os churrascos na cobertura. Talvez várias plantas venham a ser proscritas, pois há muitos alérgicos a pólen que padecem com flores. Caprichando, dá para proibir tudo.

João Ubaldo Ribeirão
em O Estado de São Paulo
domingo, 2 de outubro de 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Uma Frase: João Ubaldo Ribeiro

"Não estou a soldo da execrada indústria do tabaco, sou a favor de que não se fume (contanto que se faça esta escolha livremente), mas ninguém que tenha um pensamento consequente pode aceitar o que já se começa a fazer (ainda mais que está na moda nos Estados Unidos e o nosso ideal é ser americano). É possível agora - e parece que alguns poucos já fizeram isso - que um condomínio residencial, por decisão de maioria simples, resolva abolir o fumo em suas dependências e aplicar pesadas multas aos moradores que fumarem - atenção -, mesmo trancados em seus próprios apartamentos ou casas. Fala-se na instalação, que já ocorre nos Estados Unidos, de detectores de fumaça nos apartamentos. Não sei o que acontecerá com quem queime incenso em casa, mas provavelmente acionará uma sirene e convocará uma brigada do Comando de Caça ao Tabagista. Cada casa vai virar banheiro de avião e qualquer fumacinha que seu dono fizer será denunciada e implacavelmente castigada.

João Ubaldo Ribeiro
em O Estado de São Paulo
domingo 2 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Uma Frase: Daniel Piza

" Este é um dos países que menos respeitam o horário do trabalhador, que não raro fica muito mais tempo no serviço do que o contratado, sem receber os respectivos direitos, isso quando são formalizados. Como os laços pessoais sempre aparecem no lugar dos méritos profissionais, os ambientes se convertem em simulacros de famílias, em chacrinhas afetivas, com todos os exageros e atritos que os ambientes domésticos costumam ter. Aí é um tal de fofoca, assédio, gente se metendo folgadamente no assunto dos outros; confunde-se colega com amigo, quando na realidade o bom coleguismo é que já é raro. Chefes querem que subordinados os copiem em tudo e boicotam sua vida fora da empresa; em troca, o estresse sobe a níveis desnecessários, botando tensão onde deveria haver talento."

Daniel Piza
em Sinopse
O Estado de São Paulo
25 de setembro de 2011

sábado, 15 de outubro de 2011

Uma Frase: Ministro Paulo Bernardo via Ethevaldo Siqueira

"Quando perguntei a Paulo Bernardo se não lhe preocupava a questão ética ao apoiar uma licitação viciada, ele, irrefletidamente, explodiu: 'Quero que a ética vá para o inferno. Eu quero é trabalhar...' Perguntei-lhe ainda se ele não temia a publicação literal dessa declaração. 'Publique, se quiser' - desafiou. Só por isso, registro aqui o desabafo insensato."

Ethevaldo Siqueira
em O Estado de São Paulo
25 de setembro de 2011

obs.: Paulo Bernardo é Ministro das Comunicações

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Uma frase: Danuza Leão

"Oh, as dúvidas de uma mulher resolvida. Ninguém imagina quanto ela precisa de alguém que - simbolicamente - segure sua mão para atravessar a rua; que segure sua mão para atravessar a vida, que é mais perigosa do que qualquer esquina. De alguém que diga que, se continuar sem comer - com essa mania de magreza -, vai acabar doente; de alguém que telefone para sua empregada pedindo para ela cuidar direito de sua alimentação. Lembra como você ficava com raiva quando isso acontecia? [...] Só se amadurece quando não se tem mais com quem contar, quando não se tem mais pai e mãe. Mas isso a gente só sabe depois."

Danuza Leão
em Conversa com Danuza
revista Cláudia - editora Abril
setembro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Uma Frase: Daniel Piza

"Se a imaginação empregada em mentir e justificar fosse empregada em ser mais confiável e confiante, o mundo seria outro."

Daniel Piza
em Sinopse
O Estado de São Paulo
25 de setembro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

Uma Frase: Danuza Leão

"Ah, os filhos... Como eles sabem pouco de nós. Não sabem que nossos cabelos brancos não querem dizer nada e que temos tantas dúvidas quanto eles. Como saber se é melhor abrir mão de um excelente trabalho em troca de outro que privilegia a qualidade de vida? Aliás, o que é qualidade de vida? Ter tempo para ouvir o canto dos passarinhos e ler? Ter tempo para pensar em problemas nos quais não pensaria se tivesse que acordar cedo, encarar um horário? Às vezes você acha que felizes são os que não têm escolha."

Danuza Leão
em Conversa com Danuza
revista Cláudia - editora Abril
setembro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

Uma Frase: Daniel Piza

"Amar não é querer que o outro seja o que não é, mas é também querer que seja cada vez mais o que é."

Daniel Piza
em O Estado de São Paulo
domingo, 18 de setembro de 2011

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Uma frase: Daniel Piza

" Mas posso chamar de mau gosto esse mundinho narcisista, esnobe, que não apenas vira as costas para a realidade social, mas também para a própria elegância."

Daniel Piza
em O Estado de São Paulo
domingo, 4 de setembro de 2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma Frase: João Ubaldo Ribeiro

"Cursos de formação de quadrilha podiam ser oferecidos a todos e, dessa forma, as mutretas não seriam, em tantos casos, mal conduzidas. O brasileiro preocupado com o assunto já pode sonhar com uma corrupção moderna, dinâmica e geradora de empregos e renda. E não pensem que esqueci as famosas classes menos favorecidas, como se dizia antigamente. O mínimo que antevejo é o programa Fraude Fácil, em que qualquer um poderá habilitar-se ao exercício da boa corrupção, em seu campo de ação favorito. Acho que dá certo, é só testar. E ficar de olho, para não deixar que algum corrupto passe a mão no fundo todo, assim também não vale."

João Ubaldo Ribeiro
coluna em O Estado de São Paulo
domingo, 4 de setembro de 2011